terça-feira, 13 de julho de 2010

O branco.

Fez calor na madrugada, o lençol amanheceu no chão. Ele acordou suado, semi nú. Cabelo pro alto, olhos inchados e expressão cansada, embora tivesse dormido por longas horas. A lembrança da noite anterior o assustava, ou pior, a ausência de uma sequência de fatos a serem lembrados o fazia imaginar o que teria acontecido. Mas bastou se movimentar na cama para perceber que não estava só, havia um corpo quente ao seu lado. Era um corpo feminino (menos mau), deitado de bruços, nú, com os longos cabelos escuros a cobrirem o seu rosto. A pele era clara, uma cintura estreita e bem desenhada levava de enconto às mais belas pernas já vistas por ele, era um corpo desconhecido. Fez um esforço em vão para tentar lembrar-se de quem seriam aquelas pernas torneadas, mas definitivamente, não era um corpo familiar.
Ele era solteiro, e não estava acostumado a levar mulheres para casa, embora adoraria que fosse um hábito. Tentou se lembrar de quanto teria bebido na noite anterior, e até onde pôde, não havia sido pouco. Outras perguntas o atormentavam. Onde teria ido? Com quem teria falado? Como chegara em casa? Como teria levado aquela mulher misteriosa para cama? E o que teria feito com ela? Era um turbilhão de idéias improváveis.
O branco em sua mente o frustrava. Mexeu-se cuidadosamente, pois sua perna esquerda estava sob a dela, e criando coragem ensaiou mover aquela cabeleira negra e desvendar parte do mistério, apenas ensaiou, temeu que ela acordasse e tão surpresa quanto ele perguntasse o que estaria fazendo ali. Pensou então, fingir estar dormindo até que ela acordasse, mas a imagem daquele corpo deitado ao seu lado, em sua própria cama, era excitante demais para manter-se de olhos fechados. Ameaçou tocá-la mas conteve-se, mordia os lábios de desejo, ela era realmente maravilhosa.

Os minutos passavam lentamente, e ela praticamente não se movia, sua respiração era calma e silenciosa, ele também estava mais calmo, disposto a esperar o quanto fosse necessário até que ela despertasse naturalmente, para que os dois, enfim, pudessem conversar sobre o ocorrido. O silêncio era pleno, e a tranquilidade era tanta que ele acabou pegando no sono novamente, minutos antes dela despertar. Ela levantou-se tranquilamente, vestiu-se, calçou-se, conferiu algo em sua bolsa, arrumou o cabelo com as mãos e partiu. Tão misteriosa como quando chegou. Um mistério para perturbar aquele homem pelo resto de sua pobre vida.




por Dan Barral

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