Ele era solteiro, e não estava acostumado a levar mulheres para casa, embora adoraria que fosse um hábito. Tentou se lembrar de quanto teria bebido na noite anterior, e até onde pôde, não havia sido pouco. Outras perguntas o atormentavam. Onde teria ido? Com quem teria falado? Como chegara em casa? Como teria levado aquela mulher misteriosa para cama? E o que teria feito com ela? Era um turbilhão de idéias improváveis.
O branco em sua mente o frustrava. Mexeu-se cuidadosamente, pois sua perna esquerda estava sob a dela, e criando coragem ensaiou mover aquela cabeleira negra e desvendar parte do mistério, apenas ensaiou, temeu que ela acordasse e tão surpresa quanto ele perguntasse o que estaria fazendo ali. Pensou então, fingir estar dormindo até que ela acordasse, mas a imagem daquele corpo deitado ao seu lado, em sua própria cama, era excitante demais para manter-se de olhos fechados. Ameaçou tocá-la mas conteve-se, mordia os lábios de desejo, ela era realmente maravilhosa.
Os minutos passavam lentamente, e ela praticamente não se movia, sua respiração era calma e silenciosa, ele também estava mais calmo, disposto a esperar o quanto fosse necessário até que ela despertasse naturalmente, para que os dois, enfim, pudessem conversar sobre o ocorrido. O silêncio era pleno, e a tranquilidade era tanta que ele acabou pegando no sono novamente, minutos antes dela despertar. Ela levantou-se tranquilamente, vestiu-se, calçou-se, conferiu algo em sua bolsa, arrumou o cabelo com as mãos e partiu. Tão misteriosa como quando chegou. Um mistério para perturbar aquele homem pelo resto de sua pobre vida.
por Dan Barral
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